Ana Paula de Assis Matias – 3º Semestre
Você já parou para pensar que sempre julgamos o outro a partir da nossa realidade?
Essa semana, após observar diversos fatores ao meu redor, de observar as pessoas e de me observar, cheguei a esta conclusão: nós, como seres humanos, julgamos as atitudes e a vida do outro sempre levando em consideração quem somos, de onde viemos, os nossos valores e nossa realidade. Parece algo óbvio e bobo, mas não é.
Por exemplo, se você é uma pessoa que sempre viveu no conforto de uma boa casa e tem uma estrutura familiar forte, ao olhar para um morador de rua, talvez pense que a realidade dele é muito dura, que ele passa necessidade ou ao contrário, que está lá porque quer, já que todos temos uma família que nos ama. Porém, esse mesmo morador de rua pode ser uma pessoa que se sente melhor na rua do que em casa porque tem uma péssima relação com a família, tem dores e não passa necessidade, se sente livre na rua. Difícil compreender né? É difícil sim, por isso que a observação e a empatia são atributos que conseguimos praticando, seu desenvolvimento precisa ser constante.
Essa nossa mania vem lá de trás, com a ideia do que é certo ou errado; bom ou ruim; feio ou bonito. Você pode estar pensando: “Mas isso é normal”. Entretanto, para nós, futuros operadores do Direito, isso é perigoso. Porque, não interessa em qual área do Direito você atue, alguém vai confiar em você por ter a certeza de que possui uma maior compreensão de como funciona o Estado e a sociedade, portanto, está em suas mãos a responsabilidade de solucionar litígios que não são seus.
O que eu quero dizer é que, para o profissional do Direito, o desenvolvimento da empatia deveria ser essencial, não um diferencial. Você precisa deixar de lado as suas regras pessoais e o seu modo de viver para entrar na realidade do outro e compreendê-lo, só assim será efetivo em suas ações.
Imagem extraída do site blog.deskmanager.com.br
Infelizmente, percebo que a maioria dos escritórios e tribunais estão cada vez mais preocupados em resolver as coisas rapidamente e com a quantidade de dinheiro que entra. Exige-se cada vez mais eficiência, que não necessariamente resulta em qualidade. Essa rapidez, que está atrelada a essa sociedade do cansaço, já citada em outro texto, impede um completo raciocínio e consequentemente, uma resolução adequada do caso, uma resolução justa.
Já ouvi relatos de um professor, membro de uma comissão da OAB, de que uma juíza foi chamada por seus superiores por estar “demorando demais” para dar decisões aos processos, por “estudá-los demais” e do mesmo modo, esse mesmo professor, que trabalha em um escritório de advocacia, já leu decisões que, por terem sido copiadas e coladas de decisões de outros processos, estavam se referindo a pessoas que não tinham nada a ver com os processos em questão. Triste né?
Talvez seja por conta desses dados, que as formas alternativas de resolução de conflitos tenham crescido e sejam uma tendência, como a mediação e a conciliação. Para quem não sabe, a primeira acompanha um profissional que media as partes de um conflito até chegarem a uma solução, já na segunda, o conciliador sugere uma solução. Ambas, dispensam a necessidade de se entrar com um processo na justiça.
A partir da observação de todas essas coisas, eu penso todos os dias qual é o tipo que profissional que quero ser e a cada dia me convenço de que o mundo não é o que eu vivo, que a observação precisa ser constante e que a empatia é essencial. E para você, o que vale mais a pena: ser alguém reconhecido por suas palavras robustas, pela quantidade de diplomas que têm e pelo tamanho do seu patrimônio ou ser um profissional em constante formação?
É tudo uma questão de escolher o que fazer com o privilégio, de que tratei em meu primeiro texto da redação. Aqui
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