
Gabriella Assalis
gabriellaassalis@hotmail.com
Atualmente, é comum associar a literatura à sociedade, no entanto, nem sempre foi assim. Na verdade, especula-se que foi Madame de Staël, na França, que primeiramente trouxe essa ideia de tornar a literatura um produto social. Para a sociologia moderna, a arte é social, isto porque além de depender do meio para ser criada, também causa efeitos de valores sociais e morais. Em um movimento literário existe uma juridicidade e autenticidade que ultrapassa a esfera estatal, afinal retrata uma obra feita pela própria nação, capaz de ilustrar por meio da arte umas das maiores recompensas sociais com caráter contínuo e incisivo.
O movimento Modernista, é exatamente essa exemplificação dos valores sociais com reflexo juridico, sendo um dos maiores e mais importantes momentos para o nosso país.

Quem não conhece a famosíssima imagem de Tarsila do Amaral ?
Nessa obra de arte encontra-se uma relação com o livro de Macunaíma (escrito por Mário de Andrade). Se notarmos a pintura da cabeça é desproporcional ao corpo, o que traz o conceito de um território amplo, contudo com um raciocínio “encolhido”. Nesse ponto , a pintora valoriza as cores nacionais, representando um espírito nacionalista ao passo que também faz uma crítica a mentalidade e administração do Brasil.
Augusto dos Campos escreveu uma poesia que não poderia deixar mais clara a situação econômica do país.
Luxo-lixo-luxo
se não tem lixo não tem
luxo não tem lixo
precisa de lixo pra ter luxo
pra ter lixo tem o luxo
pra mais luxo vai mais lixo vai
mais lixo pra mais luxo que
só cresce quando o lixo cresce
mais luxo mais lixo mais
luxo do lixo que
vem dos que não tem luxo
os que tem mandam mais lixo
pra miséria do lixo do
mundo gente-lixo-luxo-lixo
para o luxo-gente-lixo
(Luxo-lixo. Campos, Augusto).
Se comparado com o que é visto nas ruas brasileiras atualmente, encontra-se a mesma expressão, reflexiva, intrépida e sensibilizadora.

A imagem retrata o que foi ilustrado por Augusto dos Campos no século XX e que se mostrou bastante atual, visto que o grafite foi feito ainda na década pós anos 2000.
A arte tem esse poder de impactar e demonstrar o real sem dados estatísticos. Críticas ao subdesenvolvimento do país, que gera a exploração e o contínuo conflito da miséria e o enriquecimento das classes que já são bem estruturadas, fazem a brilhante frase de Furtado se tornar ainda mais memorável:
(…) portanto, a crise que agora aflige nosso povo não decorre apenas do amplo processo de reajustamento que se opera na economia mundial. Em grande medida, ela é o resultado de um impasse que se manifestaria necessariamente em nossa sociedade, a qual pretende reproduzir a cultura material do capitalismo mais avançado privando a grande maioria da população dos meios de vida essenciais. (Reflexões sobre a crise brasileira, página 4).
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Postado por Rafael Almeida
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