Beisebol

Nos meus bons tempos de moleque no IE Manoel Bento da Cruz as aulas de educação física do Professor Daniel eram praticadas ao ar livre, no campo de futebol dos fundos do colégio ou em “locações externas”, no linguajar cinematográfico. Bem a calhar, pois as imagens antigas surgem na memória como um velho seriado da TV… Gostava das aulas de atletismo no Estádio Dr, Adhemar de Barros, que, na visão infantil, parecia um Maracanã. Não era, mas o conjunto esportivo podia ser considerado muito bom. Um belo gramado, arquibancadas de concreto à direita da entrada monumental e de madeira no lado oposto, pistas de corrida, tanques de areia para saltos à distância e altura, praticável para arremesso de peso, disco ou dardo, cabines de rádio, vestiários e lanchonete. Enfim, um bom estádio!

Já as aulas de beisebol – assim mesmo que se escrevia – eram realizadas no campinho do IE, com direito a pós-graduação no estádio da AREA-Associação Recreativa e Esportiva de Araçatuba, fundada e frequentada exclusivamente pela gloriosa colônia japonesa da cidade e região. Os jogos de beisebol de adultos, sempre aos domingos de manhã, eram disputados “inning-a-inning”, com o estádio absolutamente lotado de fanáticos torcedores. Nas preliminares havia espaço para os times infantis e juvenis da colônia, que, excepcionalmente admitiam escalar “estrangeiros”, isto é, meninos brasileiros não nipônicos. Como eu era um “pitcher” razoável no IE, fui admitido no time infantil da AREA porque conseguia eliminar batedores adversários com bons e sinuosos arremessos, que me garantiam a possibilidade de vaga no jogo, elegante e orgulhosamente trajado no clássico uniforme.

Muitos anos depois matei a saudade do passado e fui assistir um grande jogo da Major League Baseball no Nationals Paeks, em Washington Nationals, e seu tradicional rival, o Florida Marlins. Afora curtir o belo estádio e sua ótima infraestrutura, diria que o jogo foi emocionante, não por minha natural ansiedade, mas pelo equilíbrio de forças das duas equipes. Foi assim: o Nationals logo de cara fez dois espetaculares “home run”, levando sua torcida ao delírio, que em breve emudeceu quando o Florida reagiu e beirou o placar em perigoso 5×4. Mas no último “inning”, com o Florida batendo, o Nationals conseguiu eliminar três jogadores adversários e nem precisou rodar. Ganhou pelo placar consolidado!

O jogo acabou, mas o estádio todo permaneceu comemorando com canhões do campo atirando camisetas do Nationals pelos ares, banda tocando, “cheer leaders” coreografando, telões imensos exibindo os melhores lances do time e o mascote abraçando a criançada e posando para fotos. Uma festa! Quase tão boa quanto o próprio jogo…


A coluna “Cronículas” nos prestigia com diversas crônicas e textos do professor emérito da Faculdade de Direito do Mackenzie Jeremias Alves Pereira Filho, que lecionou por 40 anos no Mackenzie e foi presidente do Centro Acadêmico

Postado por Rafael Almeida

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