Por Nicole Vilas Boas
As mulheres, que representam 70% dos profissionais de saúde em esfera global, são as mesmas que em 2018 ocupavam apenas dez, dos cento e cinquenta e três cargos de chefes de Estado. As mulheres, que possuem carga tripla ao trabalharem, cuidarem do filho e da casa, são as mesmas que possuem remuneração de 16% a 35% a menos que os homens. As mulheres, que segundo a ONU Mulheres, deveriam ter suas necessidades e liderança colocadas à frente nessa pandemia, são as mesmas que estão sofrendo intensa violência doméstica, pois seus parceiros foram soltos da prisão.
Phumzile Mlambo-Ngcuka, diretora-executiva da ONU Mulheres, diz que: “(…) A maioria das mulheres trabalha na economia informal, onde o seguro de saúde provavelmente não existe ou é inadequado e a renda não é segura. Como elas não estão direcionadas para ajuda financeira, elas acabam não possuindo suporte. Este não é simplesmente um problema de saúde para muitas mulheres; isso vai ao cerne da igualdade de gênero”.
Mohammad Naciri, diretor regional da ONU para a Ásia e o Pacífico, também diz que: “Na Ásia, descobertas emergentes da resposta à saúde mostraram que os produtos de higiene menstrual para as mulheres profissionais de saúde estavam inicialmente ausentes como parte do equipamento de proteção individual”. Surtos de doenças anteriores, como o Zika e o Ebola, também mostraram que quando o sistema de saúde padece, os recursos para a saúde da mulher são desviados e serviços como pré e pós-natal são negligenciados.
Diante do exposto, a ONU Mulheres, conjuntamente com a OMS e agências da ONU, está trabalhando para que os devidos cuidados sejam dados às mulheres. “Isso inclui o apoio à análise de gênero e à coleta de dados desagregada por sexo, para que as necessidades e realidades das mulheres não caiam no buraco, mesmo quando estamos tentando obter mais dados e conhecimento sobre o COVID-19. Também estamos focando em programas que construam a resiliência econômica das mulheres para este e futuros choques, para que elas tenham os recursos necessários para si e suas famílias”, segundo Sarah E Hendriks, diretora de Políticas, Programas e Divisão Intergovernamental da ONU Mulheres.
O fato é, enquanto precisar de uma mobilização mundial para proporcionar às mulheres o que já lhes devia estar garantido, o problema continuará vivo. Enquanto as ideias estão somente no papel, a cada quatro minutos uma mulher é agredida. E, mediante a todas as epidemias, o que mais cresce é a falta de humanidade.

Postado por Bruno Boscatti.
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