Por Anita Araújo
Descobri que era bissexual aos 12 anos. Até então, no que concerne à sexualidade, eu pensava que alguém só poderia ser hétero, gay ou lésbica (nem conhecia essa palavra: aqueles ao meu redor usavam, de forma ofensiva, o termo “sapatão”). Ocorre que eu nunca senti que me encaixava em um desses círculos. Quando eu assistia Smallville, o que eu sentia quando o Clark Kent estava em tela, era o mesmo de quando a Lana aparecia. No episódio “Garras Metálicas” do desenho Super Shock, o Batman, a Hera Venenosa e a Arlequina integram a trama e eu fiquei muito confusa, pois estava apaixonada pelos três personagens, além do protagonista. Pela falta de acesso à informação, fiquei anos sem entender o porquê do meu coração acelerar igualmente quando eu interagia com o garoto que gostava e com uma amiga, por exemplo.
Fiquei tão feliz quando finalmente entendi essa parte de mim, que não hesitei em me assumir aos quatro ventos. Mas algumas pessoas não estavam preparadas. A princípio, tinha a impressão que algumas garotas hesitavam em se aproximar, enquanto outras diziam coisas como: “Está tudo bem, é só não me agarrar”, como se eu fosse uma pervertida. Era péssimo, mas eu relevava e ignorava, pois tinha minhas amigas ao meu lado, isto é, até eu me mudar para Coromandel. Não irei me aprofundar muito no assunto, pois não é o intuito do texto, mas acredito que, no início, a bissexualidade era, para as outras pessoas, um empecilho para criar vínculos na nova cidade. Certa vez, uma mãe disse à sua filha, minha amiga, que não queria que ela andasse comigo, pois eu era sapatão (usado aqui como ofensa). Guardo rancor sim, pois não sou Jesus misericordioso, mas desejo que o futuro traga conhecimento e empatia àqueles que me ofenderam.
Tenho orgulho de ser bissexual e sou muito feliz por ter nascido assim. É triste que haja pouca boa representatividade nossa na mídia e que essa parte da sigla seja tão invisibilizada. Espero que, a cada ano, a comunidade LGBTQIA+ receba o respeito que é seu por direito e que sejamos mais incluídos nas esferas da sociedade brasileira. Pode apostar que somos bem mais que 2,9 milhões de pessoas.
Publicado por Anita Araújo
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