Por Vitória Cruz
Já fui semente, agora sou flor. Já vi a vida em preto e branco, agora explodo em cor. Caí e machuquei os joelhos até sangrar, agora as cicatrizes lampejam em flashes por onde eu vou.
Sabe aquela sensação de vazio dentro do peito mesmo quando estamos rodeados de pessoas? Pois é, às vezes olho pela janela e me pego presa nesse transe. É estranho, já que os corpos em movimento não param por um segundo, assim como as luzes dos carros em um sábado à noite.
Tento relembrar nesses rostos algum registro de quem já fui — sem sucesso. Por que é tão difícil encontrar os estilhaços que fogem da minha memória?! Tudo brilha, tudo gira, como um globo de discoteca espelhado.
“Mudança” é uma palavra que inspira medo… Temos medo de tudo: da vida, da morte, da prova no fim do semestre, do amor, da rejeição, até de atravessar a rua. Mesmo assim, mesmo com os pés travados no chão e os punhos cerrados, apesar da ansiedade fervilhando pelos dedos, somos catapultados para frente. Seria essa a conduta mais adequada?
Fico divagando enquanto escrevo às vésperas do meu aniversário, refletindo sobre meu primeiro cabelo branco, o primeiro amor que me persegue como um fantasma às três horas da madrugada, a primeira vez em que fui eu mesma e que, sem querer, fez eu me sentir em casa — mesmo ao lado daqueles estranhos transeuntes. Eles não são mais estranhos.
Enquanto ainda não desisti de explicar minha existência nessa bolota redonda, passo os dias criando analogias mirabolantes sobre quem fui, quem sou e quem serei. Escrevo e guardo meus pensamentos em papéis e blocos de notas na esperança de não esquecer o agora. Quero que os vários “agora” virem “anos atrás” e que eu me lembre de todos eles.
Fui lua nova, sou lua crescente, serei lua cheia… e depois minguante. Fui marola, sou onda, serei tsunami… e depois um mar estático. Eu fui uma centelha que se apagou com o vento, agora incendeio florestas e as faço crescer. Serei a terra queimada
Publicado por Vitória Cruz
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