Em quem confiar: como escolher amigos e nutrir boas amizades

Por Jade Gomes de Souza

Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão.

Provérbios de Salomão

Saber de fato com quem se pode contar, independente da situação, é um dos maiores desafios já encontrados. Isso, pois eleger erroneamente um falso amigo como grande amigo acarretará problemas futuros. Foi pensando nisso que Thiago Brunet deu vida a obra “Especialista em pessoas”.

De acordo com o autor, há três esferas de amizade:

Thiago Brunet

A fim de explanar bem a ideia, ele usa o exemplo de Jesus Cristo no trato com as pessoas.

No que tange aos amigos íntimos, eles são definidos como aqueles nos quais confiamos importantes segredos, compartilhamos sonhos e podemos relevar o que realmente sentimos. Esses não passam, em quantidade, dos dedos de uma mão. Para eles poderemos ligar contando com auxílio, ainda que seja às 3h da madrugada.

Nessa esfera, geralmente, encontram-se os pais, cônjuge ou algum amigo de longa data. No caso de Jesus, os amigos íntimos eram Pedro, Thiago e João, pessoas que oraram com Jesus no Gólgota, antes da crucificação, em um dos momentos mais difíceis de sua história, e que, inclusive, o acompanharam no monte da transfiguração, vendo realmente quem ele era.

Já os necessários são os que compõem nossas equipes. São os amigos com quem nos divertimos e, por vezes, alguns dos nossos familiares. Porém, esse tipo de amizade não tem a maturidade de ouvir sobre projetos e sonhos pessoais e, ainda assim, continuar verdadeiramente torcendo por nós. Afinal, essa esfera tende a não nos conhecer como a anterior, possuindo baixo grau de intimidade.

Embora não sejam tão próximos quanto os íntimos, eles alegram a nossa caminhada, como acontece nas festas de família ou nas reuniões de amigos antigos. No caso de Jesus, os tais eram os 12 discípulos que o acompanhavam e que apesar de estarem em sua companhia, não foram os 12 que oraram com ele minutos antes de ser entregue para a crucificação. Visto que essa esfera não se dedicará a você como a anterior. Por isso, não se pode tratar uma como a outra, ou seja, não se pode tratar como íntimo quem apenas é necessário em sua vida.   

Os classificados como estratégicos são os que estão, emocionalmente, mais distante de você. Esses são colegas de trabalho, de faculdade e até mesmo vizinhos. Vocês não se amam, mas estão, por um curto espaço de tempo, juntos, sendo mutuamente estratégicos um ao outro. Esse grupão era composto pelos seguidores de Jesus que estavam na multidão. Estratégico a ela, pois curaria suas angustias e enfermidades e, estratégico a ele, pois fora a multidão que, ao vê-lo subindo aos céus, ajudou a anunciar as boas novas.

A fim de esclarecer a ideia dessa última esfera, Brunet usa a imagem de um andaime. Ele é importante enquanto a obra acontece, mas quando ela já está concluída, não há razão para tê-lo dentro de casa como enfeite, visto que não é essa a sua finalidade. Logo, o estratégico tem um tempo de validade para estar com você, auxiliar-te em sua construção pessoal ou profissional e, se não entender isso, ficará arrastando andaime mesmo com a obra já finalizada.

Um ponto relevante a ser destacado é o de que um amigo estratégico poderá evoluir para a esfera do amigo necessário e, por fim, tornar-se um íntimo. Porém, enquanto esse amigo não evolui de esferas, ele não poderá receber tratamento de amigo íntimo, para o qual você contaria seus planos e segredos. Com isso, para nutrir boas amizades é necessário saber o lugar em que cada pessoa ocupa em sua vida e o lugar que você ocupa na delas.

Outro ponto, é o de que a importância da esfera se dá ao nível de decepção e expectativa que atribuímos a cada espaço. Quanto mais íntimo, mais expectativa depositamos e, consequentemente, maior a decepção. Judas Iscariotes traiu Jesus e ele estava na esfera dos amigos necessários, (i. e., entre os Doze). Pedro negou a Jesus e ele estava na esfera dos amigos íntimos, (i. e., entre os três mais próximos). O nível de expectativa é diferente, se Pedro tivesse traído, seria muitíssimo doloroso, mas como foi Judas, o grau de dor e de expectativa quebrada, foi menor.

Se um amigo estratégico te trair, como um vizinho, será menos doloroso do que um amigo íntimo, sejam seus pais ou cônjuge. Se você não souber colocar cada um em sua esfera própria, viverá se decepcionando em alto grau com quem não merecia receber toda a expectativa depositada. Logo, é investir 10 reais de tempo, atenção e expectativa em quem apenas merecia receber 10 centavos do real montante.

A decepção é algo fatal, ela sempre acontecerá, visto que, por sermos humanos, estamos suscetíveis a erros, mas está sob nossa incumbência gerir e administrar quem merece estar na esfera de maior sensibilidade emocional, ou seja, a dos amigos íntimos. Estes são os que no tempo da angustia se tornam um irmão e, em quantidade, embora escassos, são o suficiente.

Todos nós precisamos de amigos, mas é necessário saber nutrir amizades de maneira compatível com a sua real posição em nossas vidas a fim de que nosso bem-estar seja conservado.

E aí, você tem gerido bem suas amizades?

Publicado por Jade Gomes de Souza


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