Escrito por Bruna Valêncio de Jesus Santos
Ah, vai me desculpar, mas essa falácia tirada de romances baratos de que “a dor é o que alimenta o amor” ou “a distância aumenta o amor” é uma das maiores baboseiras já inventadas. Diria até que é um dos principais mitos do século XXI.
Quantas vezes nos filmes se vende aquela imagem do amor verdadeiro como o relacionamento complicado, aquele que não tem a menor chance de acontecer e, ainda assim, os protagonistas teimam nessa situação tóxica? Pior: quantas vezes NÓS, consumidores, torcemos por esses relacionamentos sem futuro? Até onde essas historietas de amores impossíveis modelaram a nossa percepção e nossos ideais de romanticismo?
Estou me referindo ao endeusamento de relacionamentos em que pessoas completamente opostas brigam e discordam sobre tudo como forma de “prova de amor”. Ou então a chamar de relationship goals um casal que sofre de crises de ansiedade e depressão toda vez que o parceiro sai com os amigos porque “ciúmes é sinal de amor”.
De onde tiramos essa ideia? Dos filmes, livros e séries? Ou é a ficção que imita a(s expectativas irreais da) vida? Seja como for, sugiro fortemente que reavaliemos nosso conceito de amor.
Para isso, ampliemos as nossas perspectivas para além do amor romântico.
Amor é vida, ou melhor, tudo o que agrada, preserva e cultiva a vida. Não é isso o que todas as religiões pregam? Se você não é uma pessoa religiosa, pense, por exemplo, em como um pai ou mãe de pet trata seu animalzinho: fará de tudo para que tenha dignidade plena, física e emocional. O mesmo ocorre em amizades sinceras e até nas relações saudáveis com nós mesmos.
Por que então é que nós, enquanto sociedade, temos tanta dificuldade em ter relacionamentos românticos saudáveis?
Não estou dizendo que um relacionamento saudável não tenha altos e baixos, muito menos que o ideal é nunca ter nenhuma discussão. Esses ideais são igualmente irreais. O que quero questionar aqui são os parâmetros distorcidos do amor como algo que sufoca a vida adquiridos ao longo dos anos e como somos afetados por isso no dia-a-dia.
Um relacionamento saudável e, portanto, pautado no amor verdadeiro (ugh, nem acredito que usei esse adjetivo clichê, menciono apenas para dizer o oposto aos “amores” tóxicos) deveria fazer as pessoas que dele participam se sentirem VIVAS. Deveria ser gentil, atencioso, bondoso e caridoso. Porque, na minha humilde opinião, continuar buscando um “amor” (pois é, no máximo, uma paixão) difícil e dolorido é de duas hipóteses, uma: ou masoquista ou um mero consumo alienado de padrões fictícios.
Imagem: Reprodução/The Minds Journal. Disponível em https://themindsjournal.com/caption-this-16-november-2019/.
Publicado por Bruna Valêncio de Jesus Santos
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