por Redação
Após o recebimento do comunicado oficial da Universidade Presbiteriana Mackenzie relatando que as aulas neste semestre serão 100% online até o dia 12 de março de 2022, os alunos organizaram um abaixo-assinado para pedir o retorno do sistema híbrido, que permite tanto a possibilidade do aluno assistir à aula na faculdade quanto a possibilidade do aluno assistir a aula de maneira online — na segurança de seu lar.
Esse formato já foi implantado no fim do segundo semestre de 2021, quando a taxa de vacinação no estado de São Paulo atingiu um patamar que tornou as reuniões presenciais menos arriscadas. Seguindo o protocolo tradicional de uso obrigatório da máscara, disponibilidade de álcool em gel e o comprovante de que o aluno realizou o esquema de vacinação completo, as aulas presenciais podem ser ministradas com um nível mínimo de segurança.
Neste momento, a imposição do sistema de ensino online é uma das piores linhas de ação que a Universidade poderia tomar. A revisão de algumas restrições de distanciamento social concedido pelo governo estadual e a implementação do sistema híbrido no fim do ano passado induziram uma grande parte dos alunos a acreditarem que o primeiro semestre de 2022 traria o retorno da possibilidade de assistir às aulas presencialmente. Também é importante notar que essa decisão foge completamente do padrão de outras universidades paulistanas, fato que foi evidenciado pela Folha.
A repentina escolha pelo modelo remoto prestes ao retorno das aulas demonstra um claro descaso da Universidade para com seus próprios estudantes. Em 22 de dezembro de 2021 (às vésperas do recesso das atividades em razão das festas de fim de ano), foi publicado o comunicado CM-RE – 14/2021, o qual trazia a confirmação de um modelo 100% presencial. Sendo assim, muitos alunos buscaram se adaptar à essa nova realidade, chegando alguns até a assinar contrato de aluguel para poder estar na cidade de São Paulo a tempo do início das aulas — até então, previstas para a data de 01/02/2022. Além de causar a decepção generalizada no alunato que sente que o ensino remoto afeta de maneira negativa o seu aprendizado, este anúncio abrupto prejudica muitos alunos que não moram perto da faculdade e já se organizaram para alugar um apartamento perto do campus.
É verdade que a chegada da variante ômicron ao Brasil trouxe consigo um novo cenário marcado pelo aumento exponencial de novos casos e adiantou o fim da pandemia em todo o país. No entanto, o sistema híbrido permite que o aluno que não se sentir confortável em ir às aulas presenciais fique em casa. Além disso, o sistema tem um caráter preventivo, pois, no caso de uma infecção, o aluno não está sujeito a perder a matéria, pois tem a oportunidade de assistir às aulas remotamente.
Em resposta a este descaso, representantes de turma de diferentes períodos se organizaram e criaram um abaixo-assinado em defesa do modelo de aulas híbrido, criando o perfil no Instagram @voltahibridomack. Procurados, as estudantes Flavia Marcon Antunes (9º período), Gabriela Sanches Teixeira (9º período), Marjorie Vieira Flávio (3º período) e Carolina Tomaz Pinheiro (4º período) explicaram que criaram o abaixo-assinado para ouvir melhor a opinião dos alunos, pois não se sentiam ouvidos e nem representados com a decisão de retornar 100% online. Explicitaram que como representantes, têm recebido um enorme número de reclamações, vendo, então, o abaixo-assinado como opção de alcançar o maior número de alunos o mais rápido possível.
Declararam ainda que “o descaso do Mackenzie com os alunos só mostra mais uma vez a desorganização administrativa deles ao ponto de que, 1 semana antes de começarem as aulas, cancelaram o retorno presencial. Além disso, alunos que não residem em São Paulo, em sua maioria, já fizeram a mudança de cidade/estado para participar presencialmente das aulas, prejudicando financeiramente os alunos que já arcaram com os custos dessa mudança.” Acrescentando também que “sabendo que a insatisfação com a volta on-line é geral, não se reduzindo a um só curso ou a um número pequeno de alunos, achamos que levar essa informação a reitoria poderia fazer o Mackenzie entender o nosso lado e considerar o sistema híbrido, que beneficia a todos”.
O grupo de alunos ainda deixou claro qual é a sua posição sobre o retorno do sistema remoto de ensino:
“O retorno 100% EAD é um retrocesso, tendo em vista que semestre passado foi dado início ao sistema híbrido, que funcionou muito bem e que agradou tanto as pessoas que se sentiam confortáveis para ir presencialmente, quanto as pessoas que preferiram se resguardar e ficar acompanhar as aulas de casa.
Os alunos demonstram enorme insatisfação em relação ao EAD, que já se estendeu por muito tempo e que não atende as necessidades dos alunos, deixando a desejar na organização e na qualidade de ensino.
Além disso, a volta do EAD não condiz com a atual situação sanitária, que demonstra que a maioria dos alunos, professores e funcionários está 100% vacinada. Sendo assim, não há necessidade de se manter o sistema remoto quando se cumprem todas as exigências sanitárias no modelo híbrido, com a obrigatoriedade da vacinação completa para frequentar o campus, não colocando ninguém em risco.”
Procurado pelo JP3, o Prof. Dr. Everton Zanella, coordenador do curso de Direito, comentou que a decisão é da Reitoria e diz respeito à Universidade inteira, não apenas à Faculdade de Direito. Sendo assim, não é uma decisão dele nem do Diretor.
Para acessar o abaixo-assinado, clique aqui e para ler na íntegra o documento que determina o modelo remoto, acesse aqui.
ATUALIZAÇÃO: Fomos informados pelo DCE de que eles publicaram um formulário oficial perguntando aos alunos o que pensam do retorno da modalidade EAD. Para acessar o formulário, clique aqui.
Imagem: Revista Educação
Publicado por Rocco Gasparini
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Jornal Prédio 3 – JP3 é o periódico online dos alunos e dos antigos alunos da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, organizado pelo Centro Acadêmico João Mendes Júnior e pela Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie (Alumni Direito Mackenzie). Participe e fique em casa!
Em caso de inobservância ou descaso da diretoria ante os pedidos dos alunos, resta organizar um movimento coletivo propondo que , em grupo, tranquem as respectivas(os) matrículas/cursos até o efetivo restabelecimento do ‘status quo’ precedente à pandemia.
Nesse período, em que pese a absurda redução de custos da Universidade, o que se observou foi o aumento no valor das mensalidades , sem a contrapartida das aulas presenciais, em clara afronta à recente comunicação oficial da Universidade .
O mínimo a se exigir em ambiente universitário é o convívio entre os pares, se isso não for levado a efeito, estaremos dando oportunidade a um enorme curso de férias travestido de faculdade.
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