Por Anne Weinberg
Eu te desculpo,
Por se fazer distante em momentos de angústia
Impessoal quando exigias que eu te vencesse
Desconhecido quando duvidavas das minhas versões.
Eu te desculpo por me lembrar da cartolina somente em meio a escuridão dos domingos e por escorrer sorrateiro nas aulas de matemática.
Sobretudo, eu te agradeço.
Não, dessa vez não vou ser eu, vai ser você quem sentirá derramar indiferença enquanto você passa e eu cresço.
Hoje você acordou indiferente.
Hoje sou eu quem na minha miúdes me fiz grande, gigante de sede, aquela de voar.
Ali, bem naquelas cadeiras, mãe, pai.
Se Cartola outrora tivesse sentido, recearia afirmar com tamanha convicção de que o mundo é um moinho.
Peço licença ao Vinicius de Moraes, que em Valsa Para Uma Menininha canta aquilo que já não cabe no meu peito, grito pelo crescer.
Do meu caderno Toquinho, já não me desfaço, eu o participo.
Que a sede que hoje sinto, se emoldure em um eterno Poeta aprendiz.
Não mais aquela vontade de retornar à esperança infantil, ao batom em forma de morango, às canetas coloridas e o tênis de rodinha.
Mas o reconhecimento de que, agora, com outros olhos, vivos, mergulho com a certeza de que o mundo não é dos espertos, mas da eterna ânsia de aprender suas incertezas.
Publicado por Anne Weinberg
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