Por Enricco Gabriel

Floresce tecnologicamente o Brasil. Em tempos recentes, o país foi catapultado para a linha de frente dos cenários globais de empreendedorismo e de inovação.
A contar do início de 2018, doze startups brasileiras conquistaram a classificação de unicórnio, isto é, o valor de mercado superior a US$ 1 bilhão, e outras dezessete podem atingir a marca ainda neste ano. A cidade de São Paulo concentra 83,3% dos unicórnios nacionais, ao passo que Curitiba responde pelos 16,7% restantes.
Quanto às aspirantes ao clube bilionário, a capital paulista é o berço de 64,7% delas, enquanto a metrópole paranaense e o município do Rio de Janeiro representam, cada, 11,8% das companhias. O saldo é formado por Joinville e por Belo Horizonte, ambas com 5,9% das postulantes.
As informações compõem o relatório Corrida dos Unicórnios 2021, produzido pela empresa Distrito, e confirmam a fervilhante e metonímica fama do Brasil como nação de múltiplos Vales do Silício.
Explica-se: o Vale do Silício é o nome dado ao conjunto de cidades que formam a região da baía de São Francisco, na Califórnia, como São José, Mountain View, Palo Alto e Cupertino, e que têm altíssima pujança tecnológica. A área virou sinônimo de inovação e abriga titãs da envergadura de Apple, de Google, de Facebook, de Netflix, de Hewlett-Packard e de diversas outras companhias-membro da lista Fortune 500, elaborada pela revista Forbes.
Atualmente, ventila-se, inclusive no exterior, que o Brasil testemunha a ebulição de diversas cidades como parques tecnológicos, fato que explicaria a notabilidade exposta há dois parágrafos. Sabe-se amplamente que o título de “Vale do Silício brasileiro” é tradicionalmente atribuído a Campinas, polo científico e empresarial paulista que serve como quartel-general de gigantes da alta tecnologia, como Samsung, Motorola, Dell e Huawei, e a Florianópolis, detentora do centro de inovação Sapiens Parque e, também, de semelhança estética com o vale norte-americano.
Ainda que essas duas cidades sejam as mais referenciadas, a recente robustez tecnológica nacional deve muito a outras regiões que pedem passagem no rol dos Vales do Silício tupiniquins. São algumas delas, para fins de ilustração: Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais, que sedia mais de 150 empresas no chamado Vale da Eletrônica; Porto Alegre, onde acomoda-se o Parque Científico e Tecnológico da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; Belo Horizonte, sede do grandioso San Pedro Valley; São José dos Campos, cujo parque tecnológico é um dos mais férteis da América Latina; Recife, terra de mais de 250 empresas de tecnologia no Porto Digital; e Salvador, que observa o nascimento do chamado “Vale do Silício negro”, por conta do alto índice de startups geridas por CEOs negros.
Notório, entretanto, que, nos últimos anos, o verdadeiro Vale do Silício atravessa crescimentos exponenciais em sua carga tributária e no custo de vida que ensejam o êxodo de virtuosos para outras áreas do vasto território estadunidense. O destino favorito das empresas “refugiadas” é a região do Cinturão do Sol, que compreende os estados sulistas americanos, ou as grandes metrópoles, como Nova Iorque e Chicago.
Tendo isso em vista, pode-se concluir que a existência dos múltiplos Vales do Silício no Brasil é absolutamente positiva e permite que o país estabeleça um lastro tecnológico que viabilize a continuidade da promoção da acentuada disparada nacional no panorama global. As startups brasileiras já estão entre as maiores de seus setores no mundo e esse dado tende a melhorar. A inovação tupiniquim em massa e a níveis internacionais é recente e imprevisível, mas é orgânica e promissora. Uma coisa é certa, porém: os talentos brasílicos não são poucos. Cabe a eles se alçarem a patamares mais altos.
Referências:
- “Brazil’s Black Silicon Valley could be an epicenter of innovation in Latin America“, por Paulo Rogério Nunes e Tara Collier.
- “Conheça o Vale do Silício brasileiro“, por Fluxo Consultoria.
- “Meet the Silicon Valleys of Brazil“, por Estelita Hass.
- “The Brazilian ‘Black Silicon Valley’ that innovates for the community“, por Beatriz García.
- “17 startups brasileiras que devem se tornar unicórnios em 2021“, por Gazz Conecta e Millena Prado.
- “As fantásticas fábricas de Startups: onde fica o Vale do Silício Brasileiro?“, por Marcus Ribeiro.
- “Por que empresas e mentes brilhantes deixam o Vale do Silício“, por Amauri Segalla.
- “O Vale do Silício brasileiro“, por Robson Paniago.
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Publicado por Enricco Gabriel
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