Margem da borda

Por Leonardo Mariz

Palco de peças teatrais na borda do mundo,
reis incorporados em figurantes desconhecidos,
cheiro de natureza e funk de fundo:
Pelé, Maradona e vendedores sob o sol agradecidos. 

Às bordas do gramado de tensão e prazer
há vendedores mecânicos, imersos e atentos,
ao olhar a bola viajante que corta o ar no lazer
vê-se jovens e adolescentes, potenciais detentos.

A grama verde conforta aqueles sob o céu azul de nuvens brancas,
viagem lúdica de corpos suados imersos na alegria cultural,
às margens do campo: almas dilaceradas pela pedra e a branca,
duas realidades de imersão total.

Universos paralelos de sobrevivência na paisagem. 
Alguns correndo, outros no corre.
Qual sentir vale mais:
a emoção de um gol ou a experiência do porre?

Sob o céu azul de nuvens brancas
é perfurado o sujeito que no corre estava imerso.
Atônitos no gramado, abandonam o mundo paralelo,
enquanto foge o motoqueiro de mizuno amarelo.

A dor dilacera o prazer de quem corria,
suor, lágrimas e gritos após o fato surreal.
Lá se vai o mandrake sonhador,
detalhes da repetitiva cena de uma tragédia teatral.

Publicado por Leonardo Mariz


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