Por Larissa de Matos Vinhado
Recentemente, a plataforma de streaming de vídeos – Netflix – lançou uma nova série: Bridgerton. A série televisiva é de origem americana e ganhou esse nome por ser o sobrenome da família protagonista da série, e também o título da série literária que deu origem à produção da Netflix: “Os Bridgertons”, de Julia Quinn. Sendo cada um dos livros, centrado em um dos oito irmãos da família Bridgerton.
A primeira temporada da série é centrada em Daphne Bridgerton (Phoebe Dynevor). Mais velha entre as filhas mulheres da família, ela acaba de debutar na alta sociedade e busca um casamento movido por amor, tendo como inspiração seus pais. Paralelamente a isso, quem também promove atenção na temporada social é Simon Basset, o Duque de Hastings – solteiro, sem pretensões de casar e muito cobiçado pelas moças. Ele e Daphne têm uma atração imediata e tudo é acompanhado de perto pela misteriosa Lady Whistledown (voz de Julie Andrews), que escreve um jornal com todas as fofocas do momento.
A série foi lançada em 25 de dezembro de 2020 na Netflix e já alcançou o “top 1” de visualizações da plataforma. Possuindo uma trama voltada ao romance do século 19, mais especificamente no ano de 1813, Bridgerton surpreendeu a todos ao retratar pessoas negras assumindo posições poderosas. Dentre os personagens negros, podemos analisar dois cargos altos que foram assumidos por pessoas negras: a Rainha Charlotte, interpretada pela atriz Golda Rosheuvel e o Duque de Hastings – duque é “título de nobreza logo abaixo do de príncipe” ou “soberano de um ducado ou de um pequeno estado independente”. Fato é que, qualquer meio artístico que tente contextualizar o enredo com cenas de época, costuma anular a presença da etnia afrodescendente ou colocá-la em posições de servidão. Divergindo desse padrão, Bridgerton trouxe um toque de contemporaneidade à série, excluindo o racismo construído e existente na época, retratado na série.
Contudo, o que muitos não sabem é que a série resgata a história da rainha Charlotte, que segundo alguns documentos seria descendente de africanos, uma circunstância sobre a qual a casa real não se pronuncia. Segundo o jornal El País, muitos espectadores se perguntaram se a escolha de uma intérprete negra para encarnar a rainha Charlotte era uma licença narrativa dos produtores. Entretanto, a direção da série optou por ser fiel à História, ou ao menos à interpretação de uma ampla corrente de acadêmicos, que afirmam que a esposa de George III seria descendente de africanos.
“O estudo mais pormenorizado de sua árvore genealógica, que mostraria, efetivamente, a ascendência negra, foi feito pelo historiador norte-americano Mario de Valdés y Cocom, que iniciou suas pesquisas em 1967. Sua investigação conseguiu rastrear os antepassados de Charlotte até chegar a Margarita de Castro e Souza, uma aristocrata do século XV que descenderia do filho ilegítimo do rei Alfonso III de Portugal com sua amante Ouruana, que muitos acadêmicos acreditam que fosse uma moura de raça negra, procedente do norte da África. Entre as provas que sustentam sua teoria figura o hoje lamentável termo do médico real, que tinha usado a palavra “mulata” para descrever a aparência da rainha, assim como os estereótipos racistas empregados por um primeiro-ministro da época, que teria escrito que “seu nariz é muito largo, e seus lábios, muito grossos”. Outros, entretanto, consideram que a distância geracional é tanta que tornaria praticamente impossível que tivesse herdado esses traços, e caricaturas da época preservadas no Museu Britânico não refletem nenhum indício que leve a crer que fosse parda. Tampouco surpreende, porém, que qualquer particularidade fosse evitada pelos artistas daquele período, e a própria casa real não quis resolver o debate na única ocasião em que se posicionou. Um porta-voz oficial declarou que se trata de uma questão “cercada de rumores há anos e anos, e é um assunto para a História”.”
Sendo verídico ou não, esse ponto histórico da realeza apresentado por inúmeros especialistas do assunto, a série foi capaz de causar um impacto muito positivo nos telespectadores diante da realidade apresentada pelo fato de ter abolido esse preconceito fortemente existente no período retratado e que permeia até os dias atuais. Trouxe, dessa forma, uma nova forma de retrato das obras de época, a qual foi muito bem recepcionada pela nova geração.
REFERÊNCIAS:
[1] MILLÁN, Eva. A ‘avó’ negra da rainha Elizabeth. 2021. Acesso em: 09 de janeiro de 2021. Disponível em: https://brasil.elpais.com/cultura/2021-01-08/a-avo-negra-da-rainha-elizabeth.html
[2] DYNEVOR, Phoebe. PAGE, Regé-Jean. Bridgerton: Respondemos às perguntas mais buscadas sobre a série no Google. Acesso em: 09 de janeiro de 2021. Disponível em: https://www.uol.com.br/splash/noticias/2021/01/08/bridgerton-respondemos-as-perguntas-mais-buscadas-sobre-a-serie-no-google.htm
Publicado por Larissa de Matos Vinhado
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