Por Marine Giovana
Hoje eu vim indicar um dos meus maiores companheiros durante a pandemia: o Praia dos Ossos, um podcast produzido pela Rádio Novelo. Ele conta a história que movimentou o país e gerou várias discussões: o assassinato de Ângela Diniz, cometido pelo seu então namorado Doca Street em 30 de dezembro de 1976, enquanto o casal passava férias na Praia dos Ossos (é daí que vem o nome).
Entretanto, diferentemente de outros podcasts do gênero True Crime, ele não foca somente no crime em questão e cava mais a fundo, debatendo questões sobre como uma moça criada na alta sociedade, que saía nas fofocas dos jornais da época e era apelidada de “A Pantera de Minas” foi considerada culpada pela própria morte, e como um homem que matou a namorada a sangue frio, com 4 tiros, acabou virando a vítima, tornando-se uma personalidade famosa, ganhando apoio popular e saindo pela porta da frente do tribunal. Ângela definitivamente não era uma típica dona de casa dos anos 70, uma mulher recatada, que passava o dia inteiro cuidando dos filhos. Ela era desquitada, ia para festas, bebia, usava drogas, sempre estava perto de confusão, mas só por isso ela merecia ser assassinada?
Além de sua hipnotizante voz, a linguista e fundadora da Rádio Novelo, Branca Vianna, impressiona com a qualidade do conteúdo, fazendo uma investigação completa e um roteiro incrível através de entrevistas, documentos e um profundo contexto histórico que nos ajuda a compreender um pouco do pensamento da sociedade na época. Logo no começo do primeiro episódio, a apresentadora fala: “Essa não é só uma história de coluna social, mas não deixa de ser uma história sobre a imprensa; a história é também sobre o sistema judiciário brasileiro, sobre como nasce uma mobilização, sobre como as mulheres viviam e morriam nesse país… e como elas continuam vivendo e morrendo. Essa é a história de uma mulher, da morte dela e de tudo o que veio depois”, o que define muito bem o programa.
Ao longo de seus 8 episódios (mais dois bônus), Praia dos Ossos também foca em como foi o julgamento de Doca, nos primórdios do feminismo no Brasil, com o surgimento do movimento “Quem ama não mata” e muito mais que agrega à história. Eu também recomendo fortemente que, depois de ouvir, você entre no canal do Youtube e no site oficial da Rádio Novelo, na parte do Praia dos Ossos, que contém todo o material utilizado para fazer a pesquisa de cada episódio, incluindo fotos, vídeos e até “recortes” de jornal. Todo esse conteúdo nos faz entrar ainda mais na história.
O podcast fez tanto sucesso que já vendeu seus direitos para a produtora Conspiração Filmes, para uma série de TV que ainda não tem data de lançamento, mas já estou ansiosa para assistir!
Enfim, o Praia dos Ossos é uma daquelas coisas que eu indico para todo mundo de olhos fechados, principalmente porque ouvindo e refletindo sobre o tema, nós percebemos, infelizmente, que, mesmo depois de tantos anos, parece que nós não mudamos tanto assim. Precisamos criar um senso crítico para que, daqui para frente, situações como essa deixem de fazer parte da nossa história.
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