por Gislene de Arantes Costa
A língua é uma manifestação cultural e a linguística é a ciência que faz a interpretação da língua. Através da língua, pode-se conhecer a cultura de um povo e esse é o lado social da linguagem, conhecido como sociolinguística.
A definição da sociolinguística, de acordo com a linguista americana Suzanne Romaine, refere-se às perspectivas conjuntas de linguistas e sociólogos, face às questões influenciadas pela sociedade em sua linguagem.
Inicialmente, a sociolinguística tinha por tarefa descrever diferentes variedades que coexistem dentro de uma comunidade de fala. Porém, hoje engloba tudo o que diz respeito ao estudo da linguagem em seu contexto sociocultural.
Assim, podemos ter a compreensão de duas áreas de estudo: enquanto a macrossociolinguística toma a sociedade como ponto de partida e a linguagem como elemento organizador das comunidades, a microssociolinguística toma a própria língua como alvo e trata as pressões sociais como fatores essenciais na determinação das estruturas linguísticas.
A partir daí, podemos afirmar que um indivíduo pode ser analisado pela linguagem social, mas o aspecto individual somente poderá ser analisado coletivamente.
Segundo o linguista americano William Bright, a diversidade assume um caráter importante que é perceptível através de três ângulos: a identidade social do emissor, a identidade social do receptor e as condições da situação comunicativa.
A função da língua é, acima de tudo, manter o relacionamento entre as pessoas. A língua pode afetar a sociedade, influenciando ou mesmo controlando a visão de mundo de seus falantes. Assim sendo, nenhum indivíduo tem a liberdade de perceber a natureza com total imparcialidade. É o que aponta a hipótese Sapir-Whorf, desenvolvida pelos linguistas Edward Sapir e Benjamin Lee Whorf, também conhecida como relativismo linguístico, segundo o qual nossa visão de mundo é determinada por nossa língua.
É certo que vários ramos do conhecimento humano enfocam o mesmo objetivo: a língua. Tais ramos se distinguem pela forma como veem ou analisam a língua. No caso da sociolinguística, como o conceito vem se expandindo muito, houve a invasão de outros domínios e, assim, torna-se trabalhoso distinguí-la de outras disciplinas afins, tais como a sociologia da linguagem, a etnografia da comunicação, a dialetologia, a geografia linguística e a pragmática.
Apesar do linguista William Labov ter identificado problemas ou dificuldades metodológicas que inviabilizaram a descrição da língua a partir de dados coletados da fala dos indivíduos, como a agramaticalidade do discurso ou a variação na fala, é importante ressaltar que a sociolinguística pode ser um importante instrumento para o combate a problemas sociais decorrentes da linguagem, como o preconceito linguístico. Segundo o conceito do linguista Marcos Bagno, o supramencionado problema é a comparação indevida entre o modelo idealizado de língua da gramática normativa e o modo de falar das pessoas no cotidiano, diverso e fruto de processo histórico e cultural, sendo, portanto, uma forma de expressão da exclusão social.
Referência bibliográfica:
FIORIN, J. L. (org.) Introdução à linguística I: objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2004.
Imagem: CPB Educacional
Publicado por Rocco Gasparini
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