“Por que crianças matam : A história real de Mary Bell” Uma leitura dolorosa e necessária

“Por que crianças matam irá mexer com você. Tornará impossível olhar para crianças acusadas de crimes violentos da mesma forma.”
The New York Times

“Uma reflexão psicológica profundamente filosófica sobre culpabilidade e inocência, consciência e redenção.”
The New Yorker

“Mesmo aqueles que defendem que ‘bandido bom é bandido morto’ terão suas convicções abaladas por este livro poderoso.”
The Wall Street Journal

Em 1968, na cidade de Newcastle Upon Tyne, localizada no nordeste da Inglaterra, dois meninos de 3 e 4 anos foram encontrados mortos em um intervalo de 9 semanas. Os crimes chocaram a cidade que era excepcionalmente tranquila e segura, com crianças circulando livremente a todo o momento sem temor algum de seus pais. O que torna o caso ainda mais chocante é o fato de que a autora desses crimes hediondos era uma criança de 11 anos, chamada Mary Bell.


No mesmo ano, a menina Mary Bell foi julgada como adulta e condenada a prisão perpétua, desde antes do julgamento a mídia a retratava como uma “semente ruim”, uma pessoa inerentemente má e perversa, o próprio juiz do caso a chamou de “maléfica” durante a enunciação da sentença. Um psiquiatra chegou a diagnosticá-la como uma psicopata, mesmo sendo sabido que diagnosticar uma criança com essa condição não é indicado.


Depois de tudo o que aconteceu era inimaginável que Mary Bell pudesse crescer e se tornar uma pessoa moral, com uma boa vida, uma família feliz, e que se arrependesse profundamente de suas ações cruéis. Entretanto, foi justamente isso o que aconteceu, apesar da dificuldade ela conseguiu iniciar uma vida nova, mas sem nunca esquecer os horrores cometidos pela mesma.


Em 1995, 27 anos após sua condenação, Bell concordou em ser entrevistada pela jornalista Gitta Sereny, que acompanhou o julgamento de perto e que foi marcada profundamente por cada aspecto do caso, ao longo de vários meses. Pela primeira vez ela revelou detalhes sobre sua infância, como os diversos abusos sofridos por ela, sempre buscando uma resposta para a pergunta que permeia todo o livro: “O que leva uma criança a matar?”.


O livro é um documento forte, emocionante e muito doloroso, mas acima de tudo é imprescindível para que se compreenda as pressões que levam uma criança a perder sua inocência e cometer atos de crueldade excepcional, bem como qual seria a maneira correta de lidar com essas pequenas pessoas que cometem crimes ainda no início de suas vidas. Gitta deixa claro em todo o momento que nem ela nem Mary Bell buscavam justificar os atos terríveis, mas sim compreender o porquê deles terem acontecido.


A obra é de extrema relevância em discussões filosóficas no que diz respeito a origem e a natureza do mal, e as reflexões apresentadas por essa jamais podem ser excluídas quando se trata de temas como a redução da maioridade penal. Acredito que todos os juristas (ou futuros juristas) devem ter contato com a obra, visando assim promover a ideia de que para perguntas difíceis, como “Por que crianças matam?”, respostas simples são impossíveis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

“Por que crianças matam: A história real de Mary Bell”, Gitta Sereny (1ª. ed., 2020, Vestígio).

“[RESENHA #634] POR QUE CRIANÇAS MATAM – GITTA SERENY”. Publicado em Saga Literária, em 10 de setembro de 2019.

“Editora Vestígio publica livro sobre caso real de criança que matou duas crianças”. Publicado em Tomo literário, em fevereiro de 2019.

Publicado por Júlia C. Nystrom


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