Por Julia Monteiro Nalles
Para a maior parte da população, a pandemia do novo Coronavírus surgiu sem aviso, teve sua origem na Ásia e rapidamente se alastrou por todo o globo. Entretanto, não foi bem assim. Apesar de ter pegado o mundo desprevenido, já haviam sinais de que uma tragédia desse porte poderia ocorrer; a situação não era imprevisível. Isso porque, assim como muitos males contemporâneos, um importante responsável por nos causar esse mal fomos nós mesmos.
Na realidade, não é nem a primeira vez, ou a segunda, na qual vemos isso acontecer. Os vírus da ebola, da Aids e da Saars, como apontado pela Diretora de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS, chegaram à espécie humana devido ao desmatamento e à ruptura de ecossistemas provocados por ele. Na realidade, a situação nem para por aí. Como divulgado pelo Greenpeace, em 50 anos observa-se um aumento de 400% no número de doenças infecciosas que afetam os seres humanos, sendo que 75% delas foram transmitidas a nós pelos animais.
O que ocorre é que a substituição de florestas por cultivos acaba por derrubar a barreira ambiental entre espécies, de modo que perdemos uma proteção natural que tínhamos até então. Com isso, passamos a ter contato com espécies com as quais não tínhamos anteriormente e nos tornamos passíveis de contrair suas doenças.
Essa situação deixa claro algo que, na realidade, a comunidade científica já sabe há muito tempo: a preservação do meio ambiente não é apenas necessária para proteger a fauna e flora, mas também para proteger a nós mesmos. Na mesma entrevista com a Diretora da OMS, é também falado sobre o erro na forma de abordagem das pautas ambientais. Muito se fala sobre o derretimento das geleiras, o perigo que os ursos polares sofrem e não se discute sobre os perigos que nós mesmos sofremos ao não buscarmos uma forma mais sustentável de desenvolvimento.
Até porque os males que vimos sofrendo decorrentes de nossas posturas não ecológicas não se resumem só a novas doenças, como se isso não fosse suficiente. A poluição coloca em sério risco nossos pulmões e sistema cardiovascular. As mudanças climáticas têm gerado fenômenos meteorológicos sem precedentes para os quais não estamos preparados. O que não falta são motivos para buscarmos viver com mais equilíbrio com o ambiente no qual estamos inseridos.
A notícia boa é que temos como tentar reverter, ou ao menos amenizar essa situação. Na mesma reportagem do veículo El País, observa-se que um dólar investido em energias renováveis gera quatro vezes mais trabalho que um dólar investido em energias fósseis. Assim, a mudança para alternativas mais sustentáveis não só é economicamente possível, como até mesmo recomendável. Entretanto, para que haja uma real pressão nesse sentido, é preciso mudar a narrativa. É preciso que se compreenda que a pauta ambiental não é uma mera manifestação do politicamente correto. É uma questão de sobrevivência.
Fontes
Diretora de Meio Ambiente da OMS: “70% dos últimos surtos epidêmicos começaram com o desmatamento”
Como o desmatamento tem nos deixado mais doentes
Publicado por Julia Nalles
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