Conheça os professores da Faculdade de Direito: Alessandro Soares

Por: Naiara Oliveira

Neste ano de 2023, o Jornal Prédio 3 tem a honra de estrear com grande estilo a nova temporada da coluna “Quem dá essa aula?”. Nos foi concedida uma entrevista com uma das maiores personalidades pertencentes ao corpo docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie do campus Higienópolis: o Professor Doutor Alessandro Soares. 

Graduado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Mestre em Direito do Estado pela Universidade de São Paulo (USP) e Doutor em Direito de Estado  Universidade de São Paulo e Universidade de Salamanca, é advogado parecerista, atuante na área do direito público, além de professor de Direito Constitucional e Administrativo no Mackenzie (UPM) e  na Faculdade Escola Paulista de Direito (EPD). 

Muitos  dos alunos que passam pela FDir já tiveram ou ainda terão alguma interação com o Professor Alessandro, seja por meio das aulas de Direito Constitucional e Administrativo, ou pela inserção no grupo de pesquisa sob sua coordenadoria “Constitucionalismo e Democracia na América Latina”. 

Além de conhecê-lo com mais profundidade por meio dessa entrevista, recomendamos que sigam o professor em suas redes sociais onde ele compartilha sua vida e projetos profissionais: 

Alessandro Soares | Linkedln

Alessandro Soares | Instagram

1. Poderia nos contar como é a sensação de lecionar na sua alma mater? Como você desenvolveu o interesse por seguir a carreira acadêmica? E quais são os conselhos aos alunos que querem seguir os seus passos?

RESPOSTA: 

Lecionar tem um sentido de profissão e de posição no mundo. Quando conhecemos alguém, a primeira pergunta que fazemos é “qual o seu nome?”. Com certeza não pedimos o sobrenome. Talvez no século passado o sobrenome fosse importante, mas hoje, em regra, é secundário, ao menos nas grandes cidades. A segunda pergunta é: “o que você faz?”. Eu sou professor e secundariamente advogado. É esse o meu lugar no mundo.

Acredito que meu interesse pela carreira acadêmica esteja relacionado à minha fixação em ler. Creio haver conexão entre esses fatos. Na verdade, só tive tempo livre para me dedicar à leitura no final da Faculdade. Antes disso, minhas leituras sempre foram precárias. Decidi devorar o que podia. Visitava a biblioteca da Faculdade de Direito do Mackenzie e selecionava os temas e os livros pela capa. Passava horas lá dentro. Nos finais de semana meu habitat natural eram as bibliotecas públicas de São Paulo. Formação Econômica do Brasil, Psicanálise, Filosofia, Literatura, Direito, lia de tudo. Minha vontade era preencher problemas de formação intelectual que de fato não podiam ser preenchidos. Seguindo nessa linha, cheguei ao Mestrado e Doutorado na Universidade de São Paulo (USP) e Salamanca USAL (Espanha). Nunca pensei em ser professor. Minhas primeiras aulas foram em movimentos de luta por moradia e sindicatos, aulas de formação política. Depois passei a ser professor assistente voluntário em Direito Administrativo na PUC-SP, compartilhava as aulas com o professor José Eduardo Cardozo, ex-Ministro da Justiça, mas que naquela época era Deputado Federal pelo Partido dos Trabalhadores em São Paulo.

Talvez a profissão de professor tenha me escolhido. Eu nunca a escolhi.

Para quem queira partir para a carreira acadêmica tenho apenas um único comentário. O ambiente acadêmico é um campo de relações de poder onde as mais diversas forças combatem diariamente: o seu destino no mundo acadêmico depende 70% da capacidade de fazer política (de fazer conexão com pessoas, de estar presente, de ocupar espaços, de ser respeitado etc.) e 30% da sua capacidade acadêmica.

2. Recentemente foi amplamente divulgado o processo seletivo para participar do projeto de pesquisa elaborado sob sua orientação para posteriormente ser utilizado na construção de um livro. Poderia nos contar como essa ideia surgiu, como está o andamento desse projeto e se pretende dar continuidade e abrir novas oportunidades semelhantes aos alunos nos próximos anos? além de mencionar quais são as suas expectativas com os resultados que serão apresentados.

RESPOSTA: 

O foco do nosso grupo de pesquisa é a Democracia e o Constitucionalismo na América Latina. Nossa preocupação fundamental é a afirmação de um regime democrático, igualitário e social no campo latino-americano. Dentro de um dos nossos projetos de pesquisa estamos abordando a Responsabilidade Presidencial na América Latina. A ideia é que as alunas e os alunos selecionados pesquisem temas similares a partir de ordenamentos constitucionais distintos. Nesse momento, por exemplo, estamos criando pesquisa sobre o “impeachment” de Fernando Lugo (Paraguai – 2012), o golpe contra Manuel Zelaya (Honduras – 2009) etc. 

Após a finalização das pesquisas pretendemos lançar um livro e realizar um evento de divulgação dos resultados. No final de 2023 devemos abrir um novo edital com uma nova proposta de pesquisa.   

3. Como surgiu o interesse pela área de Direito Constitucional? e como foi o processo para construção do grupo de estudo na Universidade Presbiteriana Mackenzie para debater e estudar sobre Constitucionalismo e Democracia na América Latina?

RESPOSTA

O núcleo do Direito Constitucional é a política e o poder estatal, nisso reside as dificuldades em seu estudo técnico jurídico. Trata-se de uma disciplina cheia de armadilhas para o operador do direito. Sempre me dediquei ao estudo da ciência política e da teoria do Estado, portanto, foi um passo simples chegar ao Direito Constitucional como minha principal matéria de pesquisa e estudo. 

Meu interesse pelo direito constitucional latino-americano se deu por influência direta da professora Monica Herman Caggiano e do Professor Claudio Lembo. Ambos professores há muito tempo desenvolvem pesquisas com respeito ao tema no âmbito da pós-graduação do Direito no Mackenzie. No doutoramento, sob orientação da professora Monica e da professora Pilar Jiménez Tello da Universidade de Salamanca (Espanha), tive a oportunidade de escrever sobre a democracia na América Latina, o que resultou num livro (A democracia direta no Constitucionalismo Latino-americano e Europeu, 2017).

A base de criação do grupo de pesquisa está em parte nessa trajetória.

4. Fora do ambiente universitário, gostaríamos de saber quais são os seus hobbies e se ainda possui sonhos pendentes para realização.

Gosto de circular por São Paulo, ir a um café, ler um livro, um artigo, uma notícia, escrever… Estou sempre em bibliotecas. Continuo mais apaixonado do que nunca por leitura e filmes. Gosto de andar pelas ruas (não tenho carro), olhar as pessoas, a arquitetura, como a cidade está mudando todos os dias. São Paulo, como toda cidade latino-americana, é cheia de contrastes violentos. Nas minhas caminhadas pela cidade sempre estou pensando como intervir nisso tudo. Como ajudar São Paulo a ser uma outra cidade, coletiva, comunitária, comum… talvez isso seja um sonho? Sempre gostei de sonhar junto…nunca sozinho. 

5. Os processos seletivos para participação dos seus grupos de estudo são interessantes porque trabalham com a criatividade, promovem a cultura e aguçam o senso crítico dos alunos. Um dos seus processos seletivos  mais recentes teve como requerimento uma dissertação sobre o filme “Machuca”, ambientalizado no Chile. Por isso, poderia deixar uma recomendação de filmes, documentários ou livros aos alunos?

RESPOSTA

A História Oficial, direção Luis Puenzo;

Sinopse: Após o fim da Guerra Suja na Argentina, uma professora investiga a origem de sua filha adotiva.

(Reprodução: “Clio: História e Literatura”)

Clube da Lua, direção Juan José Campanella;

Sinopse: Criado na década de 1940, o clube de dança Luna de Avellaneda está ameaçado de ser transformado em cassino graças à crise econômica argentina. Mas há um trio de antigos frequentadores, Roman, Graciela e Amadeo, disposto a tudo para salvar o Luna.

(Reprodução: “Cinema é a minha praia!”)

A Culpa é do Fidel, direção Julie Gavras;

Sinopse: Anna é uma menina de nove anos, de uma família abastada e que tem uma vida tranquila. Ao voltar de uma viagem, ela tem de lidar com o engajamento político dos pais no comunismo, o que vira seu mundo de cabeça para baixo.

(Reprodução: “Omelete”)

A Língua das Mariposas, direção José Luis Cuerda;

Sinopse: O mundo do pequeno Moncho estava se transformando: começando na escola, vivia em tempo de fazer amigos e descobrir novas coisas, até o início da Guerra Civil Espanhola, quando ele conhecerá a dura realidade de seu país. Rebeldes fascistas abrem fogo contra o regime republicano e o povo se divide. O pai e o professor do menino são republicanos, mas os rebeldes ganham força, virando a vida do garoto de pernas para o ar.

(Reprodução: “Claque ou Claquete”)

Kamchatka, direção Marcelo Pineyro;

Sinopse: Em 1976, a revolução varre a Argentina. Os cidadãos contra o regime desaparecem da noite para o dia. Ciente do perigo, um pai leva a esposa e dois filhos para o campo e tenta manter a família unida, assumindo novos nomes e identidades.

(Reprodução: “MUBI”)

Livro: Uma juventude na Alemanha, Ernst Toller;

Sobre: Esta autobiografia cobre apenas os primeiros 30 anos do dramaturgo Ernst Toller, mas em um período crucial da história alemã – do império que avançava para o Leste, passando pela Primeira Guerra, até as violentas convulsões sociais no imediato pós-guerra. Segundo o próprio, “Não é apenas minha juventude que está aqui registrada, mas a juventude de uma geração e, além disso, parte da história de uma época. Essa juventude trilhou muitos caminhos, seguiu falsos ídolos e falsos líderes, mas nunca deixou de buscar o esclarecimento e de seguir os preceitos do espírito.” Trata-se de alguém que acreditava que as pessoas tinham uma “missão humana” e vivenciou tempos extraordinários.

(Reprodução: “Amazon”)

Publicado por Naiara Oliveira


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