Por Juliana Gouveia
Com o crescente debate sobre a tomada de poder pelo Talibã no Afeganistão, diversas questões foram levantadas de forma muitas vezes equivocada e, até mesmo, preconceituosa, disseminando falas e discussões infundadas e islamofóbicas. É o caso, por exemplo, dos véus utilizados pelas mulheres muçulmanas, os quais muitas vezes são vistos erroneamente como um símbolo de opressão e confronto à autonomia feminina.
Inicialmente, é fundamental compreender a complexidade que abrange essa temática, partindo do princípio de que movimentos políticos divergem das práticas religiosas do Islã, sendo diversas vezes correlacionadas de maneira inadequada e utilizadas como fundamento para criticar o estilo de vida das mulheres do Oriente.
Em entrevista para a BBC Brasil, Francirosy Campos Barbosa, antropóloga, professora da Universidade de São Paulo, feminista e muçulmana, foi cirúrgica em afirmar que “tudo o que alguém faz de errado em nome da religião se volta contra a comunidade muçulmana, especialmente contra as mulheres”, resultando na perpetuação da discriminação contra o islamismo e incidindo na vida cotidiana das muçulmanas.
Além disso, é válida a reflexão sobre a maneira com que enxergamos as formas de libertação das mulheres das práticas patriarcais impostas no corpo social sem considerar o mínimo de interseccionalidade. Na tentativa de ocidentalizar vivências e histórias, colocam-se as condutas e costumes ocidentais em pedestais, como se fossemos modelos de liberdade e igualdade a serem seguidos (NEPPEL, 2021), camuflando, muitas vezes, discursos imperialistas.
A professora e feminista Dana Albalkhi, por exemplo, enxerga o uso do hijab como uma forma de liberdade, representando, além de seu poder de escolha, o respeito aos escritos sagrados do Islamismo. Outrossim, Carima Orra, empresária, educadora e influenciadora digital, afirma que utiliza o hijab pois representa sua religião e se sente bem, além de declarar que “ninguém pode obrigar a mulher a usar o véu, assim como ninguém tem direito de interferir se ela quiser usar de fato. A opressão existe de ambos os lados. Vejo bastante gente tentando salvar a mulher muçulmana de algo que ela mesma escolheu”.
Acreditamos ser imprescindível afastar o discurso ocidentalizado de temáticas que necessitam de perspectivas decoloniais, bem como usufruir de declarações que englobam um feminismo inclusivo e plural, levando em conta as diferentes vivências, culturas e incidências do patriarcalismo na vida das mulheres.
Referências Bibliográficas
“Islamofobia: o que oprime muçulmanas no Brasil não é o lenço, diz pesquisadora da USP.” Publicado na BBC Brasil em 28 de agosto de 2021.
Obrigatoriedade não é imposição: muçulmanas falam sobre o polêmico hijab. Publicado na Revista Capricho em 21 de agosto de 2021.
“Os véus da Islamofobia”. Publicado na Revista Senso em 27 de agosto de 2021.
“Véu também é liberdade: a vida de uma muçulmana feminsita no Brasil”. Publicado na BBC Brasil em 08 de setembro de 2016.
Imagem de capa: Brasil 247
Postado por Júlia Mayumi Oliveira
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“A professora e feminista Dana Albalkhi, por exemplo, enxerga o uso do hijab como uma forma de liberdade, representando, além de seu poder de escolha, o respeito aos escritos sagrados do Islamismo.”
engraçado. quando uma mulher cristã é dona de casa e protetora da família, muito em respeito às sagradas escrituras, vocês só destilam o ódio, o preconceito e a hipocrisia pra cima dela, do marido e, sim, da Bíblia. vocês só “respeitam” o Corão porque são todas bonequinhas do islamismo.
ah, e essa esquerda podre ama o islamismo, especialmente o radical, porque ambos têm um inimigo em comum: o cristianismo. os argumentos dessa pseudo-professora e da autora deste texto, de triste escrita, aliás, são absolutamente frágeis e inconsistentes.
queria ver se você estaria pronta pra defender o cristianismo como fizeste, bovinamente, com o islã. o que vocês acham dos inúmeros casos de massacres no continente africano (no Quênia, por exemplo), perpetrados por muçulmanos contra cristãos (negros, inclusive, que vocês dizem defender)? silêncio ensurdecedor.
vocês só são feministas quando convém.
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