O sirizinho do Sahy, de Jeremias Pereira
Andava (andava?) sumido das areias do Sahy o simpático e ligeirinho crustáceo. De vez em quando, ao perambular pela orla da praia chutando marola rasa, sempre procurava por um da família para conferir a qualidade da água, porque o bichinho é enjoado e não gosta de poluição, por menor que seja. O siri é primo em primeiro grau do caranguejo, crustáceo que dele diferencia por mero detalhe do formato das patas traseiras, que são achatadas como nadadeiras e o habilita nadar com desenvoltura nas águas marinhas e manguezais. No caranguejo essas patas são pontiagudas e dificultam a natação. Por isso não se atreve a mergulhar mar aberto, posto que jamais escaparia de peixes predadores e seria por eles devorado num instante. Melhor ficar o máximo que puder em terra firme… Já o siri, por possuir nadadeiras, tem mais chance de escapar de seus predadores. São caçados o tempo todo por predadores naturais como focas, peixes de maior porte, guaxinins e aves de bico. Por questão gastronômica também são apanhados pelo desumano homem, que chega ao absurdo de cozinhá-los vivos em água fervente, só para “manter o sabor”…
Ambos se alimentam de fungos, plantas e pequenos animais. Não desprezam carcaças de peixes ou crustáceos em decomposição, desempenhando importante papel de “faxineiros” do meio ambiente.
Mas me chamou a atenção a graça e esperteza do belo bichinho de corpo palha e patas amarelas, olhar esbugalhado e antenado ao seu entorno, como se soubesse – e de fato sabia – do risco sempre iminente de ser morto, quem sabe pela maldade natural e inocente de uma criança. Fiquei ali por perto meio observando e meio protegendo o sirizinho, que permaneceu longo tempo paralisado como se hipnotizado por mim, com os olhos fixos em qualquer movimento suspeito que eu pudesse fazer. E fiz, porque não tive a capacidade de, como ele, restar imóvel fosse quanto fosse necessário para resolver o impasse estabelecido entre nós.
E foi só me mexer um quase nada para o sirizinho disparar numa espetacular corrida lateral rumo ao mar, superando as para ele enormes marolas à sua frente, e desaparecer incógnito e indefinido na grandeza do oceano.
A coluna “Cronículas” nos prestigia com diversas crônicas e textos do o professor emérito da Faculdade de Direito do Mackenzie Jeremias Alves Pereira Filho, que lecionou por 40 anos no Mackenzie e foi presidente do Centro Acadêmico
Postado por Rafael Almeida – 2º Semestre
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