Por uma pedagogia do saber

por Nicole Nakagawa

A gente fetichiza o saber. Até aí, o porquê é evidente – “saber é poder”, já diz o chavão, de  forma que conhecimento pode significar uma vantagem competitiva importante à  sobrevivência. 

Mas como se vem a saber? 

Tradicionalmente, o professor é aquele que ocupa a posição de um sujeito-suposto-saber, em  oposição ao aprendiz, visto como aquele que nada sabe, uma tábula rasa que os ditos  “mestres” poderiam preencher com o conhecimento dito digno de ser passado adiante.  

Ora, mas será isso o saber? Uma mera repetição do que se julga conhecer? Uma via de mão  única que deposita algo na consciência do outro? Nada além de outra dimensão da vida em  que reproduzimos relações de poder? 

Nessa perspectiva, o saber-fetiche vai dominando o processo de aprendizado à medida que  se instaura como objetivo final, como meta que um dia será alcançada com êxito.  

Assim, o conhecimento perde seu caráter processual e se esvazia do prazer inerente ao  aprendizado – aquela surpresa diante de um novo fato sobre o mundo, ou a expansão que  sentimos de nossa potencialidade ao concebermos um pensamento novo. 

Pois bem, quem mira no saber sem fazer as pazes com o aprender, acerta em cheio num misto  de frustração com desilusão. O saber é taxativo – sabe-se ou não – e, portanto, pode parecer  estanque em suas possibilidades. 

Já o aprender é dialético, contínuo, motivador e essencialmente humano, uma vez que tem o  erro como matéria prima. E sem receio de dizer uma obviedade, é a única rota para um dia  se vir a conhecer. 

Conhecimento não é pix – leia quantas vezes precisar. Não é um depósito que se despeja no  outro esperando sua completa absorção, e inversamente tampouco é um produto que se  compra e espera chegar pronto em casa.  

Em tempo: quem se implica em seu próprio desenvolvimento, gradual e inelutavelmente se  apaixona pelo processo de aprendizado. E assim, ao invés de buscar a presença de um saber a todo custo, aprende-se a humana e humildemente aceitar – e quiçá, apreciar – também o  valor propulsor de sua ausência.

Publicado por Rocco Gasparini


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