Dentre os inúmeros clichês que podem ser citados sobre a passagem da
infância e adolescência (a fase dependente de nossas vidas) para vida adulta
não existe um mais clássico do que a cena em que o filho deixa a casa em que
cresceu, normalmente localizada em uma cidade pequena do interior (e que lá
no fundo de sua alma sempre irá chamar de lar), enquanto ele se afasta
guiando seu carro, rumo a cidade grande, lá estão seus pais acenando, se
despedindo do passarinho que criaram e que agora deixa o ninho
definitivamente.
Recentemente eu vivi está situação caro leitor! Não pense que estou a
inventar, dou minha palavra de escoteiro (apesar de nunca ter sido) escrevo
esta crônica não por mero capricho ou autopiedade, mas para expor meus
sentimentos e, quem sabe, oferecer uma mão amiga aqueles que vivem uma
situação similar.
Mas antes de mais nada, permitam-me fornecer o contexto maior. Em 2023
eu e o meu irmão, gêmeo, nos mudamos da pequena cidade de Tatuí no
interior do estado para a grande cidade São Paulo para fazer um ano de
cursinho para ver se conseguíamos entrar na universidade dos sonhos. Após
este ano de intermezzo em nossas trajetórias acadêmicas entramos na
faculdade, que está em diversos sentidos superando nossas expectativas, e
começamos a viver novamente. Durante o início de janeiro meus pais
começaram a levantar a questão de tirar habilitação, ter um carro para uma
eventual necessidade ir para casa nos fins de semana, e não para ir todo dia
para a faculdade (afinal de contas o metrô está aí para isso), ao final de junho
conseguimos, não de primeira, as habilitações o que fez a necessidade de ter
um carro, na visão do meu pai, se intensificar. O que acabou por culminar em
nosso, sim um para os dois não que haja algum problema nisso, primeiro carro.
Visto o que já foi exposto o leitor pode e deve indagar “O que a de diferente
então desta situação para as outra? A final vocês já moravam fora de casa!” E
eu respondo de maneira simples O SIMBOLISMO MEU CARO LEITOR, O
SIMBOLISMO! No cenário que eu apresentei na abertura deste texto cada
detalhe possui sua carga simbólica. O carro representa, por mais clichê que
pareça, a liberdade ou pelo menos um ideal de independência que simbolicamente não tínhamos até então, a “habilidade” de poder ir à onde quiser a hora que quiser.
A casa e a vizinhança que ficam para traz simbolizam
o mundo da infância e da adolescência, um mundo mais simples e feliz onde a
imaginação e os sonhos eram a regra, que nunca mais poderemos retornar e
estará vivo apenas em nossas memorias. E por fim os Pais, acenando se
despedindo de suas crianças que já não são mais crianças. É nesse momento
que a ficha cai meu caro leitor, neste momento em que nos distanciávamos de
nosso porto seguro e comtemplávamos a perspectiva da viagem de carro, um
evento que por si só também carrega um valor simbólico (o de estarmos
adentrando em águas desconhecidas, uma nova era de nossas vidas que se
iniciava), que começamos a sentir como se nossos corações estivessem em
nossas mãos e lagrimas começam a escorrer. Neste momento, de maneira um
pouco anticlimática, demos meia volta e voltamos para casa para nos
recompormos, despedir-se novamente e por fim voar para fora do ninho.
Notas do autor
Nestas últimas linhas gostaria apenas de pontuar duas coisas. Primeiro, a
viagem foi ótima! Não há necessidade de se preocupar com este detalhe meu
caro leitor que chegou ao final do texto e as notas. Segundo todo mundo é
único e, portanto, ira experenciar situações diferentes! Mas peço apenas que
por meio deste relato entendam que mudanças fazem parte da vida, e está
tudo bem em sentir-se desconfortável com elas, mas não permita que essas
sensações sejam um estorvo. Tenha forças e continue, pois, como uma vez eu
ouvi de um sábio se as coisas nunca mudassem as coisas simplesmente não
seriam especiais como elas são.
Escrito por Lilla
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