Pink Tax – A desigualdade de gênero no mercado do consumidor

Provavelmente você já escutou alguém dizendo que as mulheres gastam mais que os homens e que isso somente acontece porque as mulheres são consideradas irresponsáveis financeiramente. Essa suposição virou um estereótipo para essa parcela da sociedade, mesmo sendo algo totalmente incorreto de se presumir. Porém, de um certo modo, podemos afirmar que isso ocorre. 

Mas calma, não porque a culpa seja das mulheres, mas sim do próprio mercado que foi estruturado com esse propósito. Existe uma prática de mercado, chamada Pink Tax, que se refere ao ato de mulheres pagarem mais do que homens por produtos e serviços similares ou idênticos, apenas pela diferenciação de gênero na comercialização. 

O clássico exemplo usado para demonstrar a prática dessa estratégia de mercado seria o preço da Gillette: quando ela é azul ou preta comparado a quando ela é rosa ou roxa. De acordo com uma pesquisa realizada pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, os produtos rosas ou com personagens femininos custam, em média, 12,3% a mais que os outros no Brasil. No estudo, também foi visto que as roupas de bebê femininas encarecem mais de 20% em relação às masculinas. 

A origem dessa prática tem diversas influências, uma delas é a herança do patriarcado que instigou uma visão pejorativa acerca do sexo feminino. A utilização do Pink Tax gera prejuízos para as mulheres, uma vez que esse grupo além de receber um salário menor que o sexo masculino, já que a desigualdade salarial de gênero ainda é uma problemática na nossa sociedade, ainda paga mais caro por aquilo que consomem.

Conforme levantamento feito pela consultoria Nielsen, elas são responsáveis pelas compras em 96% dos lares brasileiros, ou seja, são a parcela que mais consome no mercado. Diante desse dado, existem profissionais na área de marketing que apontam outro motivo pelo qual essa prática existe, que seria a de aumentar o consumo por homens no mercado. A origem dessa estratégia advém, para esses estudiosos, da crise de 1929, que diminuiu o consumo do sexo masculino no mercado e continua ocorrendo até os dias atuais.

Podemos compreender que, em algum momento, a estratégia tenha surgido como forma de aumentar o consumo dos homens em alguns produtos, mas não devemos usar como justificativa para continuar com essa prática de mercado abusiva e inconstitucional. A ideia de cobrar diferente um mesmo produto somente pela característica do consumidor é algo sexista, que impulsiona a visão de que as mulheres são inferiores aos homens. 

Em vista disso, é evidente que mesmo tendo a sociedade evoluído em alguns quesitos  sobre a igualdade de gênero, existem pontos pertinentes que ainda merecem ser desenvolvidos. O fim da utilização do Pink Tax é um deles. Existem outras formas que não são prejudiciais às mulheres para mantermos o nível de consumo entre os gêneros e a convivência social harmônica  e benéfica para ambos.

REFERÊNCIAS

DE BLASIO, B.; MENIN, J. From Cradle to Cane: The cost of being a female consumer. New York City Department of Consumer Affairs. New York, 2015. 76 p. Disponível em: https://www1.nyc.gov/assets/dca/downloads/pdf/partners/Study-of-GenderPricing-in-NYC.

HOFFMANN, Cris. Pink Tax: o que é e por que temos que falar sobre isso. Blog do Banco do Brasil, 28 de julho de 2023. Disponível em: https://blog.bb.com.br/taxa-rosa-no-brasil/

VILELA, Arthur. Pink Tax: a desigualdade de gênero no mercado. Portal ESPM Jornalismo, 4 de maio de 2021. Disponível em: https://jornalismorio.espm.br/geral/88577/

Por  Sarah Romeu Marques


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