Localizado a menos de 20 minutos do Mackenzie, o MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand —, na próxima sexta-feira (30), recebe duas novas exposições que celebram as narrativas e criações artísticas das culturas indígenas. Uma delas se chama Tudo isso somos nós, uma mostra que reúne 109 trabalhos do artista yanomami venezuelano Sheroanawe Hakihiiwe. A outra apresenta cerâmicas e metais pré-colombianos, sendo a segunda exposição dedicada ao comodato da coleção de arte pré-colombiana de Edith e Oscar Landmann.
As mostras integram o ano de programação do MASP dedicado às Histórias indígenas. Confira mais detalhes a seguir:
Sheroanawe Hakihiiwe: tudo isso somos nós

Exposição de Sheroanawe Hakihiiwe, 2018.
Foto: Divulgação / LA Network.
Desde os anos 1990, Sheroanawe Hakihiiwe, de 52 anos, tem se dedicado ao resgate da memória oral de seu povo, da cosmogonia yanomami e das tradições ancestrais. Ele vive na comunidade yanomami de Pori Pori, localizada no município de Alto Orinoco, no estado venezuelano do Amazonas. Sua atuação no campo da criação artística começou quando aprendeu a fazer papel artesanal utilizando a técnica Shiki Abaca — papel feito com fibras nativas — sob a orientação de Laura Anderson Barbata.
Ao longo dos anos, Hakihiiwe tornou-se um artista residente em prestigiadas instituições acadêmicas no seu país e no exterior. Ele também participou de diversos workshops, exposições e festivais, nos quais recebeu importantes distinções e reconhecimentos por seu trabalho. Atualmente, ele é representado pela galeria ABRA em Caracas.
Com curadoria de André Mesquita e David Ribeiro, o MASP recebe, no final de junho, 109 obras que expressam um verdadeiro inventário do patrimônio intangível do povo yanomami. A mostra de Hakihiiwe leva o subtítulo Ihi hei komi thepe kamie yamaki [Tudo isso somos nós], escolhido pelo próprio artista para refletir sua intenção de abranger a diversidade de elementos que compõem sua comunidade e seu entorno. “Tudo isso somos nós”, para ele, significa “tudo aquilo que está ali na selva. Vivemos todos lá, e não é só nós. Lá tem grandes rios, grandes lagoas, os animais, todos os insetos. Vou resgatando tudo que está lá onde vivo[1]”.
Uma porção significativa dos desenhos e monotipos de Sheroanawe Hakihiiwe exibidos na mostra foi criada utilizando papéis artesanais feitos a partir de fibras como cana, algodão, amoreira, banana e milho.
Comodato Masp Landmann: cerâmicas e metais pré-colombianos

Obras arqueológicas pré-colombianas, 400 – 700.
Foto: Divulgação / MASP.
A segunda exposição dedicada ao comodato da coleção de arte pré-colombiana de Edith e Oscar Landmann — emprestada em 2016 para permanecer durante um período de dez anos no MASP — reúne uma vasta coleção de 721 artefatos produzidos por povos ameríndios entre os séculos II a.C. e XVI d.C. Além disso, o lançamento de um catálogo contendo três ensaios inéditos, organizados pela curadora-adjunta da arte pré-colombiana Marcia Arcuri, juntamente com o assistente curatorial Leandro Muniz, acompanha a mostra.
A exibição abrange uma ampla gama de culturas arqueológicas do continente americano, incluindo peças Chavín, Inca, Moche, Huari e Marajoara, originárias da região amazônica brasileira. Esses objetos representam um vasto legado histórico e científico deixado pelas antigas populações que habitavam as regiões que agora compreendem o Equador, Peru, Colômbia, Venezuela, Panamá, México, Brasil e países do Caribe. Ao todo, a exposição apresenta artefatos atribuídos a 35 culturas arqueológicas.
Sucedendo à primeira parte da coleção Landmann, que integrou tecidos pré-colombianos à programação do ano dedicado às Histórias das mulheres, histórias feministas, em 2019, a exposição contempla exemplares do legado histórico das antigas populações da América Latina e traz à tona técnicas e práticas realizadas em materiais que vão da cerâmica ao metal, osso e pigmentos vegetais.
Marcia Arcuri, curadora-adjunta de arte pré-colombiana, explica que “[a] história das populações originárias do continente americano é pouco conhecida pela maioria dos brasileiros, estando praticamente ausente em referências bibliográficas e nos livros didáticos produzidos no país. Por outro lado, a difusão do conhecimento arqueológico e etnográfico da América Indígena vem se ampliando a partir de iniciativas de museus e outras instituições do campo das artes. É neste cenário que se apresenta a segunda exposição do Comodato MASP Landmann[2]”.
Com o objetivo de enriquecer o conhecimento sobre a herança cultural e científica dos artefatos dos povos ameríndios, foi elaborado, ainda, um catálogo para a exposição. Esse livro compreende três ensaios, reproduções de objetos arqueológicos de arte pré-colombiana, apresentações de Adriano Pedrosa e Julio Landmann, e ensaios de George Lau, Marcia Arcuri, Marcos Martinón-Torres e María Alicia Uribe Villegas.
A publicação com design realizado por Edilaine Cunha possui 408 páginas e mais de 800 imagens, incluindo mapas e uma cronologia relativa. Além disso, o catálogo enfatiza as sociocosmologias dos antigos ameríndios, proporcionando uma visão aprofundada e abrangente desse universo cultural.
Ambas as exposições — Sheroanawe Hakihiiwe e Comodato Masp Landmann — despertam um debate antropológico importantíssimo nas cadeiras dos cursos de direito de um país como o Brasil. Vale a pena conferir!
Serviços:
Quando: de 30/06 a 24/09/2023. Terça-feira das 10h às 20h (entrada até às 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até às 17h); fechado às segundas.
Onde: MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista.
Quanto: R$ 60 (entrada); R$ 30 (meia-entrada); grátis Bradesco às terças.
Agendamento on-line obrigatório pelo link
REFERÊNCIAS
Sheroanawe Hakihiiwe: Tudo isso somos nós. Publicado no MASP, em 2023.
Comodato Masp Landmann: cerâmicas e metais pré-colombianos. Publicado no MASP, em 2023.
MASP apresenta cerâmicas e metais pré-colombianos do comodato Landmann. Publicada no O Globo, em 05.06.2023.
Publicado por Lucas Ramos
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