Por Ana Carolina Gomes Brito
Crescimento do número de pessoas em situação de rua
A realidade do Brasil hoje é a existência de milhares de pessoas vivendo em extrema vulnerabilidade, sem moradia. Esse cenário é bastante presente principalmente nas grandes capitais e é possível identificar uma paisagem repleta de dezenas de barracas ao longo das praças, avenidas, marquises e viadutos.
A crise sanitária mundial, a pandemia da Covid-19, piorou essa realidade que já era bem preocupante. No final de 2021 a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) da prefeitura de São Paulo realizou o Censo da População em Situação de Rua, que indica que o número de pessoas vivendo em nas ruas da capital paulista teve um aumento de 31%, em 2019 eram 24.344 e passou para 31.884, um crescimento de 7.540 pessoas.
É inegável a crise socioeconômica que a pandemia gerou, os índices de desemprego subiram, a inflação aumentou e consequentemente isso trouxe uma mudança drástica no perfil dessa população, que agora possui um elevado número. O percentual de mulheres em situação de rua passou de 14,8% para 16,6% entre os anos de 2019 e 2021.
Quando esse censo foi divulgado, o Padre Júlio Lancelotti, da Pastoral Povo de Rua, fez diversas críticas alegando que o número apresentado era bem inferior ao que a realidade estava mostrando. Em uma publicação feita em sua rede social, Padre Júlio afirmou: “Esse número é subestimado pela total inadequação com a qual foi feito esse censo. E a Prefeitura foi alertada dos problemas metodológicos. Um número subestimado vai resultar mais uma vez em políticas públicas insuficientes e equivocadas que não respondem quantitativamente e nem qualitativamente às demandas da população de rua”.
A principal crítica feita, não somente pelo Padre Júlio, mas também por outros apoiadores da causa, é a falta de políticas públicas que auxiliem na construção de projetos de vida com fortalecimento social para que essas pessoas possam de alguma forma se restabelecer na vida.
Projeto conscientizador
Existem algumas organizações, projetos transformadores, que atuam em prol dessa população vulnerável. A SP Invisível é a maior ONG de conscientização social que luta, desde 2014, para humanizar as pessoas em relação à população que vive nas ruas. A ONG busca contar histórias para educar e sensibilizar a sociedade, procurando proporcionar experiências de cuidado individualizado promovendo o acolhimento e o afeto no convívio com a população de rua.
Em uma matéria no site dessa organização, eles pontuam os motivos que levam uma pessoa a morar na rua. Embora o que o senso comum das pessoas levam a crer, existem diversos porquês: perdas, vícios doenças mentais; instabilidade econômica e emocional; abandono familiar; desesperança; preconceitos e discriminações; relacionamentos abusivos; violência física e psicológica; desigualdade social; impactos econômicos da pandemia, sobretudo o desemprego; e a busca por novas perspectivas de vida. Esses são os principais motivos que foram apresentados nas histórias coletadas pela SP invisível.
Referências:
“Quais razões podem levar uma pessoa a morar na rua?” Publicado no SP Invisível, em 13 de janeiro de 2022
“Mais mulheres e crianças engrossam população de rua, diz padre Júlio Lancelotti” Publicado no jornal CNN Brasil, em 13 de Janeiro de 2022
“População de moradores de rua cresce 31% em São Paulo na pandemia” Publicado no Folha de S.Paulo, em 23 de janeiro de 2022
“Pessoas em Situação de Rua no Brasil: Revisão Sistemática.” Publicado na revista Psicologia: Ciência e Profissão, em dezembro de 2018
Imagem
Edu Garcia/R7
Publicado por Ana Carolina Gomes Brito
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