A problemática do cancelamento seletivo

Por Leonardo Cipriano

O mundo foi fundado no ideal de o homem ser o provedor, pleno e suficiente, inclusive para suprir a necessidade das mulheres. A permanência desse pensamento faz com que, ainda em 2021, homens cometam crimes e sejam vistos de forma menos grave que mulheres que, por exemplo, não se comportaram bem em determinados momentos em um reality show.

No começo deste ano, a cantora e compositora Karol Conká foi violentamente cancelada por sua participação no reality show da emissora Globo. Decorrente deste episódio, a artista saiu com a maior rejeição histórica do programa a nível mundial, perdeu cerca de 500 mil seguidores em sua conta do instagram, além de ter rescindido diversos contratos com marcas e, consequentemente, ter colocado toda sua carreira em risco.

Recentemente, o cantor e DJ. Ivis, foi exposto por sua então esposa, Pamella Hollanda, em vídeos que o demonstravam agredindo fisicamente de forma violenta em diversos episódios. Tal ato repugnante e asqueroso, o fez, de forma inimaginada, ganhar mais de 250 mil seguidores em sua conta no instagram, os quais, aparentemente, endossam sua prática.

Talvez você pense que tal ato é isolado na sociedade, mas, podemos destacar diversos outros, como um também recente, envolvendo a cantora Luisa Sonza, acusada exaustivamente e de forma infundada de traição a seu ex-marido, tendo sido, inclusive, ameaçada de morte, ao passo que o hipnólogo Pyong Lee traiu sua esposa em um programa de televisão e não recebeu, sequer, um terço do ódio direcionado à artista pela sociedade.

É notório, portanto, que muito se fala sobre o cancelamento, mas pouco se fala sobre a seletividade deste instrumento da modernidade. Calcado no patriarcado e na misoginia, o cancelamento seletivo é mais um dos artifícios utilizados por aqueles que tentam justificar o injustificável. 

Concluímos tristemente que, para o homem branco, hétero e rico, a impunidade e o ódio às mulheres os permitem ser violentos sem temer o devido julgamento e punição. Urge cada vez mais que se eduquem crianças para que tais absurdos não se mantenham e que os homens entendam, de uma vez por todas, que as mulheres não são seus objetos ou propriedades. 

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Davide Bonazzi

Publicado por Leonardo Cipriano


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