Por Larissa de Matos Vinhado
A série sueca produzida pela rede de streaming Netflix, composta por uma temporada e disponibilizada em 5 de janeiro de 2019, aborda sobre diversos temas complexos e significativos para a nova geração. Dentre eles: um massacre escolar.
A trama retrata a vida de uma menina perdida na adolescência dentro de um relacionameto tóxico, Maja Norberg, e focaliza no que ocorre após uma tragédia numa escola em Estocolmo em que a estudante do ensino médio, Maja, é julgada por assassinato após o ocorrido.
O enredo, essencialmente, retrata o relacionamento abusivo entre Maja Norberg (Hanna Ardéhn) e Sebastian (Felix Sandman). Tudo começa quando os dois adolescentes entram armados em sua sala de aula e, ao que tudo leva a entender, assassinam um professor e seus colegas de classe. Contudo, não há provas concretas de que tenha sido realmente isso que ocorreu e, devido ao choque, Maja não consegue se recordar de muitas coisas do dia do assassinato, principalmente, por ser acusada de matar seu namorado e sua melhor amiga de infância. Sendo a única sobrevivente desse evento, junto a um colega de sala, ela se torna o principal alvo do caso e, consequentemente, a principal suspeita.
Dessa forma, a narrativa se divide em dois tempos: o presente e o passado. A trama fica indo e vindo durante todos os episódios até chegar no momento exato em que o massacre ocorre e, assim, o telespectador consegue compreender o ocorrido. Por conseguinte, durante o seriado é possível observar toda a trajetória entre o namoro de Maja e Sebastian até o dia da chacina, apontando todos os motivos que, provavelmente, os levaram a tomar tal decisão. Sendo uma montanha russa de emoções e sensações.
Entretanto, é necessário salientar que a série, certamente, não se utiliza de temas tão importantes como drogas na juventude, estupro e chacina em sala de aula como forma de sensibilização. Na verdade, o seriado demonstra que ninguém é totalmente vítima, nem totalmente culpado, ou seja, todos possuem culpabilidade em determinado momento da série. Em contrapartida, incita, do início ao fim, o julgamento por parte dos telespectadores diante do que está sendo exposto. Construindo, dessa forma, um jogo próprio com a audiência da série, em que nos indaga durante o seriado quem somos nós para julgar um caso tão complexo e vazio de evidências.
Apesar de nenhuma argumentação ser plausível para conduzir um massacre escolar, é necessário analisar minuciosamente a vida de cada personagem que compõe o enredo para chegar a uma conclusão. Assim como cada caso concreto do mundo jurídico. Focalizando nisso, a série fica nessa mistura de mexer com o emocional e aflorar a romantização em situações que, certamente, não deveriam ser romantizadas. Descrevendo, cautelosamente, momentos específicos da vida de cada componente da série para que não haja dúvidas sobre as motivações de cada ação dos personagens e do motivo que levou o veredito final ser apresentado daquela maneira pela juíza do caso.
Por fim, a série tenta partir do pressuposto mais básico e comum que o mundo do Direito tenta, diariamente, nos mostrar: o fato de ser impossível condenar alguém sem evidências. Apesar do sistema jurídico ser composto de falhas, assim como vários pontos governamentais, essa deveria ser a única verdade e realidade presente no mundo do Direito, realidade essa que lutamos, diariamente, para ser 100% concretizada por todos os profissionais da área.
REFERÊNCIAS:
[1] LEÃO, Flávia. Crítica | Areia Movediça: série sueca da Netflix faz bonito ao abordar temas contemporâneos complexos. 2019. Acesso em: 09 de janeiro de 2021. Disponível em: https://quartaparedepop.com.br/2019/07/31/critica-areia-movedica-serie-sueca-da-netflix-faz-bonito-em-abordar-temas-contemporaneos-complexos/
Publicado por Larissa de Matos Vinhado
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