Por Maria Isabel Sousa
O contexto internacional atual é de manifestações e movimentos do #BlackLivesMatter e as últimas ações do movimento foram a derrubada e decapitação de estátuas. Em Boston, a estátua de Cristóvão Colombo teve sua cabeça arrancada, e uma outra do mesmo foi derrubada na Virginia.
A morte de George Floyd por um policial foi o estopim para o ressurgimento do movimento #BlackLivesMatter que coloca em foco o racismo e sua mortalidade. Mas por que este movimento está relacionado com a derrubada de estátuas?
As estátuas atingidas pelo movimento estão relacionadas ao passado escravocrata e preconceituoso de diversos países. Nos EUA, o foco foram as de colonizadores e de confederados, defensores do Sul durante a guerra civil que defendiam a escravidão.
No entanto, é necessário ressaltar que o Brasil foi o último país da América a abolir a escravidão, resultando em 300 anos desse processo de submissão irreparável a um grupo de pessoas que vem sofrendo por tal desde 1500 até os dias de hoje.
Sendo o segundo mais populoso país africano, depois da Nigéria, o Brasil construiu uma alma mestiça carregada de preconceito falsamente nomeado como velado, no qual a população negra continua periférica com pouco acesso à educação, saúde, moradia e não só negado o acesso a segurança, mas também sendo mortos por quem a devia garantir-lhe.
Apresentando entre janeiro e julho de 2019 mais que o dobro de mortes de pessoas negras que nos Estados Unidos, a população não inicia um movimento de protestos. O racismo institucional brasileiro inicia-se na colonização, com o estupro da mulher negra escrava sendo romantizado por pessoas que o chamam de “mestiçagem” e o utilizam para justificar a formação cultural brasileira como heterogênea e múltipla.
A população brasileira é formada pela negação das injustiças para a formulação de valores republicanos e cidadão sobre as desigualdades sociais, sendo definido pelo que vem do exterior. Até mesmo os movimentos sociais tem que ser importados, pois a população privilegiada não é capaz de enxergar os problemas que estão estampados ao andar pelas ruas, ou até mesmo olhar para seus preconceitos velados.
O passado escravocrata e racista não só permanece até hoje, como é mantido por todos que obtém vantagens a partir dele mesmo que não saiba disso. As manifestações nos EUA, que chamaram a atenção da maioria da população brasileira, deveriam servir para fazer com que olhemos para os nossos problemas. A morte de George Floyd fez com que olhássemos para mortes de negros brasileiros, em especial a de crianças, como João Pedro, Miguel e tantos outros.
O passado bate na porta pedindo por mudanças, está na hora de nos movimentarmos por ela.

Postado por Rafaela Cury
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