Desde 2017, a Academia de Letras dos Estudantes da Universidade Mackenzie (ALEMack) mantém aqui no JP3 a publicação de sua coluna semanal, todas as segundas-feiras [hoje com um pouco de atraso], abrindo as atividades da semana. Hoje, o texto é de Guilherme Vieira da Silva, aluno da Faculdade de Farmácia, que ocupa a cadeira nº. 35 (Patrono Castro Alves). Para saber mais sobre a ALEMack, clique aqui.
Somos ninguém, sejamos alguém.
Guilherme Vieira da Silva
Somos ninguém, desconhecidos.
Nas regiões periféricas reunidos.
Sou ninguém, com bom gosto.
Samba, RAP, funk até a última célula de osso!
Sou ninguém, um bom moço.
Não desejo a ninguém o fundo do poço!
Somos ninguém, expostos aos riscos.
À mercê dos ricos!
Se há enchente, não vem partido!
Somos ninguém, Josefa e Antônio.
José e Francisca.
Em busca duns sonhos.
À margem da risca!
Somos ninguém, trilhando com esforço.
Garantindo o almoço.
E o patrão diz: “se é ninguém, não ouço!”
Escutados só no alvoroço!
Somos ninguém.
Tudo vai.
Nada vem.
Suor e sangue do corpo inteiro!
Um terço do salário para a alimentação.
Outro terço para os tributos.
Dinheiro, nosso dinheiro à nação!
Para dar à burguesia riqueza e luxo!
Somos ninguém.
Enquanto calados.
Pois, ao nosso brado.
Todo déspota e fardado.
Prostrar-se-á encurralado!
Somos ninguém.
Tu que és ninguém também.
Tu que vives sem ninguém.
Sejamos dez, cinquenta, cem.
Sejamos a pátria dos ninguéns.
Tiremos o tirano do trono.
Sejamos a pátria onde inexistam donos.
Sejamos uma nova pátria com um novo plano.
Sejamos e façamos para o bem do ser humano.
Sejamos a pátria para a Josefa e para o Antônio.
Sejamos a pátria para o José e para a Francisca.
Onde até mesmo os Severinos e Severinas
tenham uma vida divina…
Sejamos a nação sem abandono.
Da natureza, da poesia, do coração… Dos sonhos!
Sejamos pátria!
Sejamos nação!
Sejamos alguém!